II Seminário de História e Filosofia da Ciência no Ensino de Ciências

“A preocupação excessiva com o entendimento de como os alunos aprendem os conceitos pode levar ao esquecimento do porquê se deve aprendê-los. O papel da escola deve ser o de desmistificar a visão do conhecimento enquanto fim em si mesmo, de forma a problematizar todo e qualquer conhecimento ensinado”. A fala é de Kaíza Cavalcanti, professora de Ciências da Natureza do IFRJ campus Rio de Janeiro e membro da comissão organizadora do “II Seminário de História e Filosofia da Ciência no Ensino de Ciências”, que aconteceu no dia 16 de março de 2017 no campus Rio de Janeiro.

 Os fundamentos ressaltados pela professora serviram de base para que um grupo de docentes do IFRJ dos campi Rio de Janeiro e Duque de Caxias e do CEFET Petrópolis organizassem o seminário. Kaíza destacou ainda que não basta ficar preocupado apenas em ensinar melhor conceitos, mas se faz urgente trabalhar para que os alunos compreendam que a produção de qualquer conhecimento, científico ou não, se efetiva no contexto das sociedades em que são produzidos. 

“Muitas vezes o ensino de ciências compartimentaliza o conhecimento em disciplinas isoladas produzindo nos estudantes a falsa impressão de que o conhecimento e o próprio mundo são fragmentados. É preciso superar essa fragmentação. Sabemos que a ciência não é um amontoado de conceitos dispostos didaticamente como os manuais. Conhecendo a ciência a partir de uma visão histórico-filosófica será possível compreender os conceitos científicos e, principalmente, usar este conhecimento para entender o mundo contemporâneo”, afirmou.

Nessa segunda edição do seminário, foram realizadas uma palestra e duas mesas-redondas. A palestra de abertura “Interpretações da Mecânica Quântica – como estas são sensíveis às influências culturais” foi ministrada pelo professor Osvaldo Pessoa Jr., da Universidade de São Paulo (USP). A primeira mesa-redonda abordou “O papel das representações e modelos na elaboração e na comunicação de conceitos científicos” e contou com a participação do professor Osvaldo Pessoa Jr. (USP) e do professor Ivã Gurgel (USP), tendo como mediador Roberto Soares Cruz Hastenheiter. Já a segunda mesa-redonda teve como tema “História e Filosofia da Ciência e questões sociocientíficas na formação de professores”, com a participação da professora Glória Queiroz, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); da professora Graciela Watanabe, da Universidade de Brasília (UnB) e do professor Ivã Gurgel (USP), tendo como mediador Cristiano Moura.

Como uma novidade nesta edição, houve a apresentação de vinte comunicações orais. Entre os 110 presentes no evento, encontravam-se profissionais da educação e estudantes das escolas básicas das redes municipal, estadual e federal, assim como de escolas profissionalizantes e professores e pesquisadores de universidades em geral. Houve também presença de servidores de outros campi e alunos de pós-graduação de diversas instituições de ensino do Rio de Janeiro e de outros estados. 

“Temos certeza que esse é um projeto de extensão que veio para criar um espaço de debates e reflexões sobre a Educação e o Ensino de Ciências que o IFRJ precisava construir de forma urgente. A procura pelo encontro, o retorno positivo dos colegas sobre o evento e alto nível de qualidade dos trabalhos apresentados nos mostra o quanto esse espaço é importante na instituição”, finalizou Kaíza.

A comissão organizadora do seminário é composta por: Cristiano Barbosa Moura (CEFET), Kaíza Martins Porto de Hollanda Cavalcanti (IFRJ), Maria Celiana Pinheiro Lima (IFRJ) e Roberto Soares Cruz Hastenheiter (IFRJ).