Literatura Feminista em pauta
O debate sobre Literatura Feminista organizado pelo NDIVAS Núcleo de Diversidade Marielle Franco, do campus Belford Roxo, teve como tema principal escritoras negras e suas obras. O evento, que aconteceu no dia 10 de abril, contou com a participação de Fernanda Felisberto, professora de letras da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), e a escritora Anna Carvalho.
Durante o debate foram levantadas questões sociais, econômicas e a ausência de mulheres negras escrevendo historias, tendo seus livros publicados e suas obras divulgadas e, ainda, a falta de incentivo à leitura nas escolas. Foi analisado que os municípios que compõem a Baixada Fluminense quase não têm espaços públicos de leitura, como bibliotecas, e os poucos que possuem, não são divulgados para a população local.
A escritora Anna Carvalho destacou a importância do incentivo à leitura e à escrita nas escolas para a formação de novos escritores “Quando completei 12 anos ganhei um concurso de poesias no colégio e acho que foi dali que resolvi ser escritora, sempre gostei muito de escrever, mas depois daquele dia vi que o que eu fazia era bom, desde então nunca mais parei”, contou. Atualmente, Anna realiza um trabalho artesanal na produção de sua obra e enfrenta desafios para conseguir divulgação.
A professora Fernanda Felisberto destacou que a pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística (IBOPE) identificou que o brasileiro lê cerca de quatro livros por ano, um índice baixo, quando comparado a outros países. Para ela, não há muitos projetos de incentivo à leitura: “O que nós temos marcado em alguns espaços são projetos individuais, ou seja, se esse professor ou professora sair da escola o projeto não necessariamente tem continuidade”, afirmou.
Jaqueline de Jesus, organizadora, mediadora e membro do Núcleo de Diversidade, ficou satisfeita com a realização do debate que trouxe a reflexão sobre as dificuldades que as escritoras enfrentam no Brasil. “Todo o debate foi muito proveitoso, a ideia principal era trazer a pauta feminista para a questão da ocupação do espaço e entendimento da escrita, como funciona o mercado editorial e as dificuldades que as mulheres como um todo passam, mas principalmente as mulheres negras, acredito que objetivo foi alcançado”, concluiu Jaqueline.