A política de cota racial e a defesa da educação pública

Com auditório lotado, a aula magna do curso de Produção Cultural do campus Nilópolis recebeu o professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Renato Emerson, para conversar sobre cotas raciais. O evento, que tinha como objetivo discutir os impactos do sistema de cotas no ensino superior, ocorreu no dia 3 de abril.

Como professor da primeira universidade do Brasil a criar esse sistema em vestibulares para cursos de graduação, Renato explicou o processo histórico e como surgiu a lei estadual que estabelecia 50% das vagas do processo seletivo para alunos egressos de escolas públicas cariocas.

“Duas décadas atrás, essa pauta foi levantada por movimentos sociais que lutavam contra um quadro de desigualdade racial no acesso à universidade. Éramos poucos estudantes negros dentro das faculdades e, além disso, existia uma falta de oferta educacional na Baixada Fluminense”, contou ele.

Renato, que também é coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Geografia, Relações Raciais e Movimentos Sociais (NEGRAM), aproveitou para ressaltar a importância do movimento negro na luta pela inserção desses alunos. Com a ideia de promover uma pressão política sobre o governo e as comunidades escolares, o movimento batalhou para que fosse construído dentro das salas de aula a ideia de que qualquer estudante tem a possibilidade de ingressar no ensino superior.

“Até hoje vemos que esse trabalho não é feito nas escolas públicas e que não existe perspectiva de trajetória escolar na escola pública. Ao contrário do que acontece na rede privada, onde os alunos são desde cedo questionados sobre sua profissão e futuro”, completou.

No final da aula magna as perguntas foram abertas ao público, que, por sua vez, questionou sobre as fraudes nas cotas raciais. Entretanto, Renato reforçou a ideia de que as mesmas continuam como uma política pública voltada para tentar combater o acúmulo histórico de desigualdade existente no nosso país.