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Comemoração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha

    O NEABI (Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas) do campus Volta Redonda realizou, no dia 27 de julho, um evento em homenagem ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, comemorado no dia 25 de julho. O evento recebeu convidados para uma mesa redonda e atividades culturais. “Foste tudo, negra... menos tu”, frase do poema “Negra” de Noémia de Sousa, serviu como base à discussão proposta pelo evento.

    A data comemorada foi instituída no 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, que aconteceu em 1992, na República Dominicana, e traz como objetivo fundamental o reconhecimento da história das mulheres negras que, em diferentes épocas e locais, estiveram presentes nas lutas e nos movimentos sociais e culturais. No Brasil, a data foi incluída em 2014 no calendário oficial de celebrações, em homenagem também a Tereza de Benguela, líder quilombola que viveu no século XVIII.

    O professor de Língua Portuguesa e Literatura do campus Volta Redonda e coordenador no NEABI, Otávio Meloni, pontuou a importância desse evento como conscientização e discussão sobre o papel da mulher e como ele se torna mais árduo quando se trata da mulher negra no contexto social que ainda é muito preconceituoso e também a importância da interação entre o IFRJ e a comunidade. “A ideia, além de levar um pouco do NEABI para a comunidade, era trazer a comunidade para dentro do campus e alcançamos esse objetivo com um número significativo de convidados externos na plateia”, concluiu. O evento contou com a presença de Alda Iza Pereira, da Associação de Mulheres Negras de Volta Redonda, da Contramestra Elizete de Fátima, da Associação de Capoeira Palmares e Miriam Cristina e Fernanda Martins da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil de Volta Redonda.


Jongo di Volta

     A mesa redonda foi composta por profissionais de diferentes áreas. Katiucia Ananias, psicóloga, abordou o processo de construção da identidade negra a partir de suas experiências pessoais. Destacou o sentimento de inadequação ainda na infância, quando se via confrontada com padrões estéticos aos quais não pertencia. “Somos ensinados que tudo relacionado ao negro é inferior, então não queremos ser negros, pois isso é visto como uma coisa ruim. Precisamos debater sobre o assunto para acabar com esse preconceito”, declarou Katiucia. A palestrante destacou as micro violências sofridas pelas mulheres negras cotidianamente, em uma vivência que mescla violência racial e violência de gênero. “Se descobrir negra é um processo muito doloroso por que quando isso acontece você toma consciência das opressões que você sofre, de ser excluída, de não ser o padrão, de não ser bonita o suficiente, boa o suficiente. Então é doloroso, mas é necessário”, pontuou. Segundo ela, “a militância, na vida de uma mulher negra, é uma necessidade, uma questão de sobrevivência”.

    Flávia Sampaio, professora de Língua Espanhola no IFRJ campus Volta Redonda, discutiu as representações da população negra em livros didáticos de Espanhol. A professora destacou a presença de representações de figuras negras inseridas em padrões específicos, como pele mais clara, associadas a profissões na área artística ou esportiva, o que sinaliza a representação, também no material didático, de preconceitos presentes na sociedade. Ela também ressaltou que alguns livros trazem elementos mais críticos, como poemas por exemplo. Contudo, segundo ela, a eficácia de tais elementos na discussão sobre questões raciais depende da percepção e da atuação do professor, disposto ou não a abordar este tipo de debate em sala de aula.

    A mesa se encerrou com a fala do professor Otávio, que abordou poemas de Noémia de Sousa, escritora de Moçambique, buscando romper os estereótipos associados à África como espaço marcado pela ausência de cultura e de literatura. A partir da leitura e análise dos poemas “Se me quiseres conhecer” e “Negra”, Otávio destacou a posição a partir da qual Noémia escreve, a de colonizada, mulher e negra, representando o que se denomina “tripla margem”, ou seja, o amplo afastamento da autora do centro de reflexão e de poder. Os debates que se seguiram às falas dos palestrantes contaram com ampla participação do público, destacando a importância de um trabalho contínuo e persistente de combate ao racismo e à discriminação.

    Como atividade de encerramento, o evento recebeu membros do Jongo di Volta, grupo de Volta Redonda que busca manter viva a tradição desta manifestação cultural de origem africana. Sob o comando de José Geraldo da Costa, o grupo falou sobre a importância do jongo e realizou uma vivência coletiva com os participantes do evento. 

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