Extensão e os desafios da curricularização

A Mesa 3 do Webinário “Curricularização da Extensão – Percursos para extensionalizar o currículo” discutiu, a partir das 15h, a “Extensão e os desafios da Curricularização”. Foram convidadas para discorrer sobre o assunto: Sônia Mendes (CEFET), Régia Lopes (IFRN) e Mônica Romitelli (IFRJ). A mediação ficou a cargo da pró-reitora de Extensão do IFRJ, Ana Luísa Soares. Participaram do evento mais de 140 ouvintes, simultaneamente.

Sônia iniciou o debate, destacando que a necessidade de Curricularização da Extensão não é algo novo, pois essa discussão já existe há algum tempo. Ela fez um breve apanhado dos antecedentes desse ideal na educação superior e destacou que, há algum tempo, a concepção do currículo era tecnicista: “Sobra para nós, agora, tentar ver o currículo como um todo, a extensão como um todo. Estamos caminhando. Ainda temos algumas visões muito compartimentadas, outras mais integradas”, destacou.

Ela apontou três possíveis percursos para a curricularização da extensão: pelo entendimento sobre o currículo na perspectiva crítica; pela lógica de justaposição de disciplinas fragmentadas; ou por novas lógicas. E enfatizou que tudo o que se faz ou vivencia numa instituição de ensino é currículo: “E, como tal, não é algo definido e definitivo, mas um projeto que se forma no cotidiano pelo professor e pelo aluno. O currículo, como instrumento viabilizador da articulação ensino, pesquisa e extensão, precisa considerar como uma de suas principais características básicas a flexibilidade”, afirmou a convidada.

Régia Lopes contou que, a partir de sua experiência como gestora no IFRN, via uma grande preocupação em relação ao possível aumento de carga horária. “É preciso entender que o processo é de curricularização da extensão, não extensão do currículo”, enfatizou.

Ainda de acordo com com a palestrante, a curricularização da extensão pressupõe: a ressignificação e efetivação da intencionalidade dos Projetos Pedagógicos de Curso (PPCs) de todos os cursos, de todos os níveis de educação da Rede Federal; (Re)conexão social das instituições via promoção de um diálogo democrático bidimensional dos cursos e sua territorialização; Qualificação da formação dos estudantes, promovendo o protagonismo e sua interação com a comunidade e os contextos locais; Oferta de ações de extensão de forma orgânica, permanente e articulada ao ensino e a pesquisa.

Régia ainda destacou os desafios que enxerga para a inserção da extensão no currículo. “É preciso promover a compreensão do que é extensão, através de ofertas de capacitação. Também é necessário aproximar a instituição do seu entorno, promovendo conhecimento das múltiplas realidades dos arredores e um contínuo mapeamento das demandas locais”, disse. Outros desafios apontados por ela foram a disponibilidade de infraestrutura e recursos para as ações de extensão e a organização dos processos de creditação. 

Mônica Romitelli, que é docente no campus Realengo do IFRJ, falou um pouco sobre a experiência de Curricularização da Extensão dentro do campus. “No IFRJ Realengo já estamos discutindo essa questão há uns dois anos. Muito se fala sobre ‘derrubar os muros da instituição’ para incluir a comunidade. Mas é preciso refletir como fazer isso de forma permanente. Temos que pensar como essa dinâmica se dará. Haverá recursos específicos? Daremos acesso a essas ações para todos os alunos? De que forma?”.

Ela também falou do desafio de regulamentação da carga horária docente: “A Curricularização da Extensão fará com que os docentes se debrucem ainda mais sobre o desenvolvimento dessas atividades e isso pode fazer com que seja necessário repensar a carga horária dos professores, além de considerar a relação professor/aluno”, opinou.

Ao final das falas, a pró-reitora de Extensão do IFRJ, Ana Luísa Soares, agradeceu a contribuição de todos, exaltou a pluralidade de visões e destacou o quanto isso enriquece o debate. Em seguida, os convidados responderam os questionamentos dos espectadores da mesa.

Confira aqui a mesa na íntegra.