Logo IFRJ

As vozes vibrantes da EJA

Em um Encontro que reuniu delegações de vários estados brasileiros, profissionais da Educação com o propósito de reconhecer desafios e aprimorar as ações na EJA-EPT, um momento chamou atenção do auditório lotado do Colégio Pedro II e mereceu seguidos aplausos, além de render algumas lágrimas pelo reconhecimento do investimento que é feito na formação de cada estudante da Rede Federal. Esse momento aconteceu na terça-feira, 18 de outubro, na mesa de debates formada por alunas do EJA. Mulheres que falaram de um cotidiano de lutas, de sonhos distantes que se tornaram realidade, e de planos para o futuro.
 
A mesa foi coordenada por  Neyla Reis, do IF Baiano. Ela destacou a mesa feminina. "Mulheres que fazem parte do que costumamos chamar de as vozes vibrantes dos sujeitos que estão na EJA, e que também são negros, indígenas, um leque de pessoas que constroem suas vidas, que estudam, trabalham e assim realizam um processo de construção de suas prórprias realidades".
 

MESA COM AS ALUNAS DA EJA

Josi Santos, do Campus Niteroi do IFRJ, aos 47 anos começou sua fala brincando com a idade. "Perto de minhas amigas eu já sou até uma velhinha", arrancando aplausos e sorrisos do público. Josi disse que há muito tempo decidiu encarar e realizar três sonhos, um pequeno, um médio e um grande. "O primeiro já está realizado, que era fazer o ensino fundamental. O segundo, eu estou na reta final, que se trata de concluir o ensino médio. Já o terceiro, tem a ver com algo ainda maior, que é fazer uma faculdade. Eu quero, e vou me formar!".

Karina Alves, do IFRJ, tem 36 anos. Assim como tantas brasileiras que fazem parte de uma triste estatística, ela foi obrigada a se afastar dos estudos, e confessa que a situação era ainda mais complicada porque nem dentro de casa recebia qualquer apoio. "Nem minha família acreditava, eu nao tinha praticamente nenhum incentivo". Mas as dificuldades acabaram, de alguma forma, impulsionando Karina. Hoje ela é mãe de uma adolescente de 15 anos, trabalha e diz que cada dia é um aprendizado novo. "Acho que algo que me deixa muito feliz é quando uma amiga se aproxima e diz que se espelha em mim pra voltar a estudar".  

Tainá é do IFRJ, tem 28 anos, disse que estar ali, naquele palco, fazendo parte de um evento de âmbito nacional era simplesmente um sonho com o qual nunca imaginou.  "Gente, é uma conquista, mesmo. Eu sempre achei que estar numa numa instituição federal não era pra mim. Imagina. Mas, com o tempo eu passei a acreditar que era possível e agora  eu consegui entrar, e ver o quanto o ensino aqui é de qualidade. Tainá disse que foi muito bem acolhida por todos, professores e alunos. "E graças ao projeto integrador, que nos tira da zona invisível e nos leva onde podemos enxergar o ensino totalmente diferenciado. Porque as vezes temos uma aula de portugues, e ela acaba, mas o assunto não é encerrado, porque as materias se entrelaçam, os professores dialogam, constroem juntos o nosso aprendizado". 

Marluce dos Santos, IFRJ, lembrou que concluir o ensino médio não foi uma tarefa fácil, e agora já esta fazendo o pré-vestibular. "Faço parte do projeto  Escrevivência. E é difícl para vocês ter uma noção do quanto é significativo para mim, afinal todo mundo sabe das dificuldades para uma mulher, preta, pobre, de periferia... e ver isso tudo que esta acontecendo, é muito gratificante.  E foram muitas mudanças na minha vida, todas bem positivas na EJA, hoje eu posso dizer com toda certeza que Eu sou demais rsrsr". 

Lucia Goes, do IFAM, Campus Parintins, tem 55 anos. Ela abordou todas as dificuldades que enfrentou e uma delas tinha a ver com o desânimo, com a sensação de que a estrada está terminando. "Quando a idade vai avançando, o comum é pensar que tudo terminou, que não ha mais nada a ser feito. Nada ali na frente. Ah, mas eu não dessas. Eu pensei, 'perái', comigo, não! eu vou mais além, agora eu vou realizar meus sonhos". Lúcia tem 4 filhos, todos casados, como ela faz questão de dizer, e voltou a estudar. "E foi através do EJA. Fiz três anos de Técnica em Administração, terminei agora. É uma felicidade. E claro que teve dias em que eu chegava para as aulas cansada, um pouco desanimada, e é incrível como os professores não apenas notam isso, como vinham conversar,incentivar, me colocar de novo na luta. Eles são pessoas incríveis".
 
O Encontro, que teve debates, mesas temáticas e rodas de conversas, traçou um panorama do grande mosaico que forma a educação federal, suas dificuldades, suas metas, e no caso da EJA, a necessidade de um planejamento cada vez mais elaborado, capaz de atender mais estudantes, com políticas que considerem e enfrentem o grave problema da manutenção de alunos.  Na manhã do dia 20, público e organização trataram em conjunto da confecção de uma Carta do Encontro, documento que vai nortear as ações da EJA-EPT e que deve ser divulgado na semana que vem.

Alessandra ciambarellaao lado do pro reitor do colegio pedro II e uma professora do IFF. Alessandra esta com o microfone, se despedindo dopublico

 

Alessandra Ciambarella agradeceu a presença das delegações e se disse extremamente feliz por essa realização conjunto com o IFF e com o Colégio Pedro II, que foi a casa do Encontro. A proxima edição será realizada em 2024 em Natal.  
 

ACESSO À INFORMAÇÃO

INSTITUCIONAL

REITORIA

CURSOS

PROCESSO SELETIVO / CONCURSO

EDITAIS

ACADÊMICO

PESQUISA & INOVAÇÃO

CAMPI

CENTRAL DE CONTEÚDOS