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Entrevista com o aluno Felipe Guimarães de Souza, Campeão Estadual de Xadrez

Entrevista com o aluno Felipe Guimarães de Souza, Campeão Estadual de Xadrez.

Entrevista realizada dia 31/03/2022

Felipe é estudante do IFRJ Campus Duque de Caxias, curso de Plásticos, turma PLAM 151. É membro do Clube de Xadrez do IFRJ CDuC e do IFRJ Chess. Entre os dias 26 e 27 de março de 2022, Felipe participou do Campeonato Estadual de Xadrez do Rio de Janeiro e saiu vitorioso!  Por isso, a COEX CDUC resolveu fazer essa entrevista para conhecermos mais o nosso campeão e celebrar essa vitória.

  1. De onde você é e de onde surgiu o interesse pelo xadrez?

Eu moro em Xerém, Duque de Caxias, terra do Zeca Pagodinho. E quem me ensinou a jogar foi o meu psicólogo aos cinco anos de idade, e eu só jogava uma vez na semana até que ganhei da minha tia um tabuleiro de xadrez aos 12 anos. Depois que eu ganhei esse tabuleiro, tive uma aula de Ed. Física na minha antiga escola em que o professor propôs o xadrez para jogarmos, e eu perdi todas as partidas. Depois que eu perdi todas elas, eu fiquei pensando: “quando era mais novo ganhava todas as partidas com o meu psicólogo e agora perco pra todo mundo?”. Então comecei a procurar na internet, procurar vídeos no YouTube, e encontrei o canal do GM Kricor e o Raffael Chess e praticamente todos os dias fiquei praticando, jogando. Até que um dia eu chamei um amigo meu da antiga escola, para jogar uma partida online. No final foi uma partida difícil mas eu ganhei. Isso tudo na metade de 2019, quando nem tinha pandemia ainda. No início de 2020 eu já tinha evoluído bastante, já tinha estudado vídeos e lido livros, até que a minha pontuação era de 2.000 no site que eu jogo. Foi então que em 2020 eu entrei no IFRJ, em que eu fiz a prova e consegui passar. Lembro que eu só tive uma semana de aula, e logo em seguida se iniciou a pandemia, e nem deu pra aproveitar. Ficamos em quarentena, todo mundo em casa e foi neste período que eu comecei a estudar muito o xadrez e me dediquei muito. Até que chegou a SEMACIT, e foi através de um dos cursos, cuja temática era o xadrez, organizado pelos professores Leandro, Rafael e Fernanda, e eu participei, e foi ali que o professor Leandro me encontrou e ele foi me dando oportunidades. Foi ele que começou a me dar o suporte nos torneios, creio que não seja diretamente ele, mas foi por meio dele que pude pagar as inscrições dos torneios, e também foi ele quem arrumou um treinador pra mim, o Mestre Vilela. Isso é bem recente, pois antes eu treinava sozinho, mas agora eu tenho esse treinador. 

  1. Quanto tempo durou a partida final?

Durou no máximo 1 hora, em comparação às outras ela não foi tão longa. A mais longa foi a 5ª rodada, que foi a mais longa e a mais difícil também, em que eu acabei dando um pouco de sorte porque acabou o tempo do meu adversário. Eram 45 minutos para cada um, com 15 segundos de acréscimos por lance. Acho que foi de aproximadamente 1 hora e meia. O que é muito longo, pois a modalidade que eu jogo são partidas rápidas, 3 minutos para cada um, aí são várias partidas em quantidade. 

  1. Que estratégia você usou nessa partida final? 

Eu antes da partida, assisti a uma partida anterior dele, e eu vi o esquema que ele usava, então os meus primeiros lances foram automáticos, e nos momentos que eu não sabia o que fazer e que eu tinha que começar a pensar, como na forma que eu queria jogar, se seria pra frente ou se eu esperaria um pouco mais, eu optei por ir um pouco mais devagar, optei por um jogo mais sólido e no meu canto, para evitar o contra jogo e criando fraquezas na minha posição. Então esperei ficar um pouco mais parado nessas situações. 

  1. Qual a partida mais emocionante?

Foi a 5ª rodada. Eu lembro que o meu adversário tinha 5 minutos no relógio, e eu estava calculando uma variante, só que como ele tinha esse tempo, eu acabei jogando o lance um pouco rápido demais. Eu analisei só uma variante. Vi que se ele tomasse o meu peão, eu poderia cravar o meu peão na dama dele e ele não poderia retornar, o que abriria caminho para a minha torre e eu ganharia uma certa atividade. Aí eu fiz o lance muito rápido e acabei não vendo que ele tinha um contragolpe, podendo sacrificar a torre dele, me impedindo de retornar, por estar levando um xeque-mate, o que me deu uma desestabilizada. Aí ele pensou, por um tempo, e fez um lance. Mesmo ainda tendo uns 15 segundos no relógio, e logo em seguida, rapidamente eu coloquei a minha peça no tabuleiro assim muito rápido, então ele ficou um pouco desnorteado, demorou pra fazer o lance e acabou a partida. Então, se ele tivesse mais tempo, ele poderia ter ganhado. 

  1. Quando inicia uma partida você já tem uma estratégia definida ou vai se adaptando ao longo do jogo?

Depende das aberturas em que meu adversário joga, e também depende dos lados. Se eu estou com as peças brancas eu vou pra cima, busco vantagens, não fico tentando me recuar não. Agora, se eu estou com as peças pretas, eu tento ser mais cauteloso e observar a abertura do meu adversário, até porque tem aberturas mais sólidas e outras mais agressivas. Então dependendo disso, eu moldo a minha também. No caso das peças brancas tem uma vantagem, pois são com elas que começam os lances possibilitando você pressionar mais o seu adversário, e nesse caso, isso é decidido na sorte no presencial ou de forma aleatória no jogo online. 

  1. Você se inspira em algum enxadrista e por que?

Tenho sim, o Grande Mestre Kricor, ele faz live na Twitch. Ele tem vários vídeos jogando, além de ser uma pessoa muito instrutiva no jogo e muito interessante. Ele tem um estilo de jogo muito paciente, posicional. 

  1. Você define seu jogo mais como ofensivo ou defensivo?

Depende da cor das minhas peças. Quando estou com as brancas, eu tento ir pra cima, quando estou com as pretas, eu sou mais defensivo.

  1. Como foi o campeonato? Você participou de quantos jogos?

Foi bem interessante, pois foram jogadores muito fortes. Foi diferente do online, pois no online você está de frente pra tela de um computador e não vê o seu adversário. No presencial, é olho no olho, o barulho das peças, e eu gostei muito. Muito bem organizado o torneio. Tinham árbitros que passavam sempre para acompanhar os tabuleiros, pra ver se não havia nenhuma irregularidade. Foi uma experiência bacana. Ao todo foram 6 partidas oficiais em um período de dois dias. Começou no sábado, e terminou às 16 horas do domingo.

  1. Qual foi a sensação de participar e ganhar o campeonato?

Durante a partida, eu já estava ganhando. Então a partir daí era questão de técnica e de saber converter, que aí você vai ganhar. É nesse momento que você tem que controlar as emoções, porque se não vai acabar errando, caso fique muito emocionado. O primeiro passo é a aceitação né, você começa aceitar que você pode ganhar, que isso pode acontecer e lidar com isso. Foram uns 30 minutos que a partida durou depois de conseguir uma vantagem, fui lidando com a emoção. E depois que eu ganhei, foi um sentimento de felicidade mesmo, gratificante, dois dias jogando e dando o meu melhor, tentando sempre, buscando recursos, foi muito legal. 

  1. Qual a importância do Clube de Xadrez do IFRJ CDuC e do IFRJ Chess na sua trajetória no Xadrez?

Então, é uma importância muito forte na vida das pessoas, não só na minha né, uma inclusão social. O que o xadrez pode fazer na vida das pessoas, é algo bem surpreendente. Não só, pra mim, mas esses dois grupos são de uma importância imprescindível na minha história. Antes era apenas no online né, eu só jogava online, e eu não tinha reconhecimento nem nada. Mas depois que o professor Rafael, o professor Leandro e a professora Fernanda criaram esses grupos, eu pude sair das sombras e começar a demonstrar todo o estudo que eu adquiri durante todos esses anos.

  1. Qual mensagem você enviaria para quem está iniciando a caminhada no xadrez ou acha que o xadrez não é para todos?

Eu acho que só tem uma palavra que vai definir se você vai seguir ou não esse estilo de vida de ser um enxadrista, e a palavra é DETERMINAÇÃO. De estar lá pra sempre estar estudando, se dedicando, analisando e praticando o xadrez, é isso que faz a diferença pra quem está começando. 

  1. Tem alguma fala ou agradecimento que gostaria de fazer?

Eu gostaria de agradecer ao professor Leandro, à minha Avó, ao professor Bruno, na verdade, todos os professores dos grupos que me apoiaram, todos me ajudaram bastante. O Bruno principalmente, que me acompanhou, tirou as fotos, que esteve comigo no evento. Professor Leandro que pagou a inscrição. E ao meu treinador, o Vilela, e minha Avó, que esteve comigo nesses dois dias.

 

 

                            Foto do Troféu e medalhas 

                                           Foto do momento do Torneio

                                                                     Foto da entrevista

 

O IFRJ agradece aos Professores Bruno Lima Patrício dos Santos, Fernanda Silva Soares, Leandro de Oliveira Pereira e Rafael Pereira Santana e ao Treinador Vilela, mencionados na entrevista, por seu estímulo à prática do xadrez. 


 

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